Brasília - O ex-ministro da Saúde Humberto Costa e o ex-tesoureiro do PT Delúbio Soares foram denunciados ontem pela Procuradoria da República no Distrito Federal por envolvimento com Máfia dos Vampiros. O esquema, montado no Ministério da Saúde, sobrevivia de propinas e compras superfaturadas de medicamentos para tratamento de hemofilia e diabetes. Costa foi denunciado pela prática de formação de quadrilha e corrupção passiva. Delúbio, por formação de quadrilha, corrupção passiva e lavagem de dinheiro. De acordo com o MP, o ex-ministro da Saúde dava respaldo ao esquema.
O procurador contou que o pagamento das propinas era feito sempre em dinheiro vivo. Para Delúbio Soares, por exemplo, estavam destinados parte de um carregamento de R$ 723 mil. Mas que ele não chegou a receber. Em outra remessa, somente de propina seriam enviadas para o grupo R$ 350 mil.
Além de Delúbio e Costa, o procurador Gustavo Pessanha Velloso apresentou uma lista com nome de outros 11 acusados de envolvimento no esquema, entre eles, Edilamar Martins e Platão José Ervin Puhler, ligados ao governo passado. Todos constam do aditamento de denúncia apresentado pelo Ministério Público. Se a lista for admitida pelo juiz, eles passarão a integrar a ação na Justiça aberta em 2004 para investigar e punir envolvidos na máfia. Nesta ação já constam outros 19 acusados.
O procurador Gustavo Pessanha pediu ainda que outros dois nomes diretamente ligados ao PT, o publicitário Duda Mendonça e o ex- ministro José Dirceu, sejam alvo de uma investigação mais detalhada. Há indícios de que ambos também estavam envolvidos no esquema criminoso. Segundo Pessanha, o nome de Duda Mendonça foi citado numa das fitas colhidas durante a investigação da Polícia Federal. O nome de José Dirceu, por sua vez,constava num documento também coletado durante a investigação, ao lado de uma determinada porcentagem.
Na nova análise do Ministério Público, também foi citado o deputado José Janene. No entanto, Janene não foi incluído na lista do MP. Como parlamentar, ele tem foro privilegiado. Os documentos relativos ao parlamentar serão enviados à Procuradoria-Geral da República e ao Supremo Tribunal Federal para que providências sejam tomadas. Concluída esta nova etapa de investigações, Pessanha foi categórico: ''A Máfia dos Vampiros funcionava num esquema bastante similar ao do mensalão.''
A inclusão dos nomes é fruto da análise feita pelo Ministério Público de documentos e fitas que, durante quase um ano, ficaram em poder da Polícia Federal. Justamente por ter conhecimento de apenas uma parte dos documentos, o MP denunciou, em 2004, apenas uma parte dos envolvidos.
''Com documentos que depois chegaram as nossas mãos, surgiram novos personagens, novos protagonistas.'' Velloso classificou a entrega parcial de provas, no início do processo, como uma ''falha grave'' da Polícia Federal. ''Não podemos dizer se a falha involuntária ou má-fé'', afirmou. Agora, o Ministério Público Federal deverá abrir uma auditoria independente para investigar as razões da entrega parcial de documentos - e da supressão de trechos justamente que envolviam nomes de primeira grandeza do governo.