Oriovisto Guimarães diz ser contra a reeleição: "Precisamos voltar a ter gente que faz política por ideal"
Oriovisto Guimarães diz ser contra a reeleição: "Precisamos voltar a ter gente que faz política por ideal" | Foto: Divulgação



Na disputa dos votos dos eleitores paranaenses ao Senado está um dos fundadores do Grupo Positivo, o professor Oriovisto Guimarães. Ex-presidente durante 40 anos de uma das maiores empresas de educação do País, ele se coloca como representante da renovação que a política brasileira necessita e, prestes a completar 73 anos, já adianta: "Não tenho nem idade pra fazer carreira na política", brinca.

O empresário está há cinco anos afastado do grupo educacional e em visita à FOLHA nesta quinta-feira (26) disse que escolheu tentar dar o primeiro passo na vida pública via Senado porque é onde está "o principal ponto onde as grandes questões no Brasil precisam ser discutidas, basicamente a reforma política", afirma.

"Vivemos um momento triste e a receita que temos para fazer política é muito ruim. Logo após a Constituição e o regime militar foram abertos muitos canais, muitas facilidades para os partidos. Depois, com a instituição do Fundo Partidário, com estes bilhões do dinheiro público que hoje vão para os políticos, vivemos quase que um empreendedorismo político de gente que quer ter partido para poder ter acesso ao fundo partidário, tempo de televisão e negociar isso", diz.

"Nós temos mais de 30 partidos. Não existem 30 ideologias, 30 propostas de desenvolvimento ou 30 soluções para o País. E nós temos uma dificuldade enorme de governar porque todos eles estão aí não pra cuidar da nação mas do próprio umbigo, pra pedir cargos em estatais, nomear gente para ministério. Precisamos voltar a ter gente que faz política por ideal", acrescenta.

Apoio
Amigo pessoal de Alvaro Dias (Podemos), pré-candidato à Presidência, e grande crítico do governo de Michel Temer (MDB), "que parou de trabalhar só para se defender de acusações", o professor Oriovisto ressalva que não é possível generalizar e que a grande missão dos eleitores no pleito deste ano é justamente examinar o currículo de cada candidato e também daqueles que desejam a reeleição. Sobre este artifício defendeu a possibilidade de reeleição apenas uma vez.

"Eu acho que alguma experiência que uma pessoa acumulou pode ser útil uma segunda rodada, depois chega, volta para iniciativa privada e vai viver sob as leis que ele criou lá", afirma.

Além de apoio político, ressalta a admiração que tem por Alvaro, colega de partido. "Ele (Alvaro) renunciou à aposentadoria de governador de R$ 33 mil, não cedeu ao convite do Alckmin (PSDB, para ser vice na chapa), propôs o fim do foro privilegiado. Eu tenho que apoiar um homem deste."

Reformas
Sob a alta carga tributária, Guimarães não crê na possibilidade de se reduzir impostos a curto prazo e defende uma simplificação dos tributos, "sendo um federal, um estadual e um municipal", almeja. "Para baixar a carga tributária só tem um jeito, diminuir o tamanho do estado."

O pré-candidato ao Senado também ressalta a urgência de se fazer a reforma da Previdência. "A aposentadoria que vale para a iniciativa privada é a mesma que tem que valer para os políticos, funcionários públicos, desembargadores, todo mundo. Isso é coisa do tempo medieval. Eu admito que nós tenhamos diferenças na vida, quem trabalhou mais tudo bem, agora diferenças por privilégios estabelecidos em lei é o fim do mundo", diz.

Ex-patrão de cerca de 10 mil funcionários, Guimarães comemora o fato de nunca ter enfrentado uma greve, embora "é claro que tivemos algumas demandas trabalhistas". Defensor da reforma trabalhista, em que embasou a defesa na comparação dos rendimentos do FGTS (Fundo de Garantia por Tempo de Serviço) com os da poupança, professor Oriovisto também celebra o fim do imposto sindical.

"Isso de acabar com o imposto sindical eu achei glorioso. O Brasil tem um número absurdo de sindicatos, cerca de 17 mil, quando nos Estados Unidos tem 109. Têm verdadeiros donos destes sindicatos, pessoas que não saem de lá nunca e por lei retiravam um dia de trabalho do salário de cada trabalhador deste País. Muito mais criava confusão e arrumava emprego para os donos destes sindicatos do que defendia os trabalhadores", polemiza.