Pais de ex-estudantes do Colégio Estadual Benjamin Constant, na Vila Portuguesa, região central de Londrina, prometem ir ao Ministério Público nesta semana para cobrar o dinheiro investido na festa de formatura agendada para o final do ano passado em uma casa de eventos na rua Paraíba, o que não aconteceu. Além de pedir providências na área criminal, o advogado Miguel El Kadri afirmou que irá ingressar com uma ação na esfera cível por reparação dos danos morais.

A decisão de acionar a Justiça foi tomada depois que o Núcleo Regional de Educação (NRE), no início do ano, não teria respondido os ofícios encaminhados por Kadri para se posicionar sobre o caso. Por diversas vezes, a reportagem tentou contato com a chefe do órgão, Lucia Cortez, mas sem sucesso. A formatura dos 33 alunos do terceiro ano do Ensino Médio deveria ser realizada no dia 21 de dezembro.

Funcionário de carreira, um secretário da escola ficou responsável por receber o pagamento dos convites dos alunos, que custava em torno de R$ 180, e intermediar a negociação com o buffet. "Começamos a pagar em abril. Em setembro, esse servidor foi até o local contratado e desfez o contrato. O pior é que nem ficamos sabendo disso. Uma semana antes do evento, ele mandou um recado aos pais informando que a formatura não aconteceria mais. Eu gastei quase R$ 900", afirmou Surama Barros Oliveira, uma das mães que pagaram as mensalidades.

Imagem ilustrativa da imagem Sem formatura, alunos de colégio de Londrina tentam devolução de dinheiro na Justiça
| Foto: Divulgação


A professora Luciana da Luz Vaz tem dois filhos que estudavam no Benjamin Constant. Ela disse que saldou toda a formatura "porque tinha certeza de que ela iria acontecer. Nessa época, o acordo com o buffet já tinha acabado. A frustração maior foi ver meus filhos vestindo as becas, mas não realizarem um dos seus maiores sonhos. De alguma forma alguém tem que se responsabilizar por isso", lamentou.

A decepção não é menor para a revisora Rosiane Ferreira do Amarante, que pagou R$ 80 por mês para a formatura do filho. "Eu comprei um terno de R$ 800 pra ele, além dos sapatos caros. Adquiri um vestido especial para esta ocasião, mas fiquei sabendo uma semana antes que o evento não aconteceria. Não sabia do fim do contrato com o buffet, que foi desfeito pelo próprio servidor", observou.

Revoltadas, as mães foram informadas que o secretário responsável pela organização da formatura foi afastado do colégio. Porém, quando elas retornaram para pegar os comproavantes escolares dos filhos, foram surpreendidas com a assinatura do servidor. "Foi um balde de água fria", disseram. Segundo o Portal da Transparência, ele está no serviço público desde janeiro de 2006 e tem recebido os salários normalmente.

No Benjamin Constant, ninguém atendeu as ligações da reportagem. Procurada, a Seed (Secretaria Estadual de Educação) apenas informou que uma sindicância foi aberta para investigar o caso.