Um dia após a Alep (Assembleia Legislativa do Paraná) aprovar virtualmente o projeto de terceirização de 204 colégios estaduais, manifestantes voltam às ruas em várias cidades do estado. Em Londrina, a concentração ocorre no Calçadão da Avenida Paraná, onde professores e estudantes da rede pública se reuniram para protestar contra a decisão.

Os manifestantes criticam a forma como a votação foi conduzida, alegando falta de debate público e transparência. Neide Alves Silva, secretária-geral da APP-Sindicato em Londrina, lamentou a aprovação do projeto que cria o Parceiro da Escola. “A educação tem problemas, sim. Mas não é entregando as escolas para a iniciativa privada que vamos resolvê-los. É uma luta de décadas que vai por terra com essa política de privatização”, critica.

Imagem ilustrativa da imagem Professores e alunos protestam contra aprovação de projeto na Alep
| Foto: Celso Felizardo

Os protestos, marcados por discursos e cartazes, destacam a preocupação dos professores e demais profissionais da educação com a possível precarização do ensino e a interferência na parte pedagógica das escolas.


Estudantes como Bruno Fernando Mussere, do CEEP Castaldi, na zona oeste, engrossaram o movimento. "A educação sofre um desmonte nas últimas décadas e, agora, estamos sofrendo um novo ataque. Da forma como é colocado, o projeto não parace uma ameaça, mas sabemos que isso abre uma porta para uma privatização completa, com risco de alunos terem que pagar para estudar", avalia.

Davi da Silva dos Santos e Ana Luiza Carvalho, estudantes do 3º ano do Colégio Cívico Militar Rio Branco, na região central, também compareceram ao ato. "A forma como ocorreu a aprovação desse projeto foi totalmente antidemocrática. Por isso estamos aqui, para demonstrar nossa insatisfação. Estamos conversando com os estudantes, para conscientizar a todos que esse não é o melhor caminho", argumenta Davi dos Santos.

Para Ana Luiza, a luta pela educação deve ser de todos. "Não se trata de lados políticos aqui. A gente vê que a adesão só não é maior por que os alunos sofrem uma pressão dos pais que tendem a enxergar a questão como esquerda e direita. Mas a educação deve estar acima disso. É preciso que todos estejam unidos em prol de um ensino de qualidade", opina.

O governo do estado defende a medida como uma forma de modernizar a gestão escolar e melhorar a qualidade dos serviços oferecidos. No entanto, a oposição manteve sua crítica, ressaltando a falta de clareza no processo de contratação das empresas e os riscos de perda de controle sobre a educação pública. Deputados da oposição se articulam para questionar o projeto na Justiça.

Estudantes Davi da Silva dos Santos, Bruno Mussere e Ana Luiza Carvalho
Estudantes Davi da Silva dos Santos, Bruno Mussere e Ana Luiza Carvalho | Foto: Celso Felizardo