Dados do Censo Demográfico 2022 Alfabetização - Resultados do Universo, divulgados nesta sexta-feira (17) pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) revelam que o Paraná conseguiu reduzir o analfabetismo no período entre 2010 e 2022, mas ainda mantém a pior taxa de analfabetismo entre os estados do Sul do País. De acordo com o estudo, 4,3% da população paranaense maior de 15 anos é analfabeta, percentual maior que o de Santa Catarina, de 2,1%, que teve o melhor desempenho do país, e o do Rio Grande do Sul, de 3,1%, quarto melhor resultado no país.

O Paraná aparece no ranking nacional na sexta colocação, dividindo dois pelotões dos estados do Centro-Sul do país, que engloba as regiões Sul, Sudeste e Centro-Oeste. Nas primeiras posições aparecem Santa Catarina (2,1); Distrito Federal (2,8); São Paulo (3,1); Rio Grande do Sul (3,1) e Rio de Janeiro (3,3). Após o Paraná, surgem Mato Grosso do Sul (5,4); Goiás (5,5); Espírito Santo (5,6); Mato Grosso (5,8) e Minas Gerais (5,8). A seguir estão os estados das regiões Norte e Nordeste.

Entre os municípios paranaenses com as menores taxas de analfabetismo, Curitiba, com apenas 1,5% da população com mais de 15 anos analfabeta, lidera o ranking estadual e aparece como a segunda melhor capital no país, atrás apenas de Florianópolis (1,4). A lista segue com Quatro Pontes, no Oeste, com 1,6; Maringá (1,9) Pinhais (2,1) e Rio Negro (2,2)

Na ponta de baixo da tabela, dos municípios com as piores taxas de analfabetismo do Paraná, Godoy Moreira (Vale do Ivaí) tem o pior desempenho, com 16,6% de taxa de analfabetismo. Nova Santa Bárbara, no Norte Pioneiro, tem 15,6, seguida por Mato Rico (Centro-Sul), com 15,4; Diamante do Sul (Oeste), com 14,9; e Ariranha do Ivaí (Vale do Ivaí), com 14,6.

Londrina aparece na 14ª posição, com 2,8% da população analfabeta. O percentual de pessoas alfabetizadas permanece acima dos 98% em cinco grupos de faixas etárias entre 15 e 54 anos, mas começa a cair nos grupos seguintes. Dos 55 a 64 anos, a taxa cai para 96% até chegar a 82% entre habitantes com mais de 80 anos, o que expõe a dificuldades e desafios de se conseguir atrair esta parcela da população para os programas educacionais como o EJA (Ensino de Jovens e Adultos).

Para a Associação dos Professores do Paraná, os números são reflexos da política pública de educação que vem sendo implementada nos últimos anos no estado. "Não nos trazem nenhuma surpresa e temos alertado e apontado que vários índices estão piorando e vão piorar cada vez mais. São consequências das estratégias equivocadas que o governo vem aplicando e temos denunciado isso a todo momento", ressaltou o presidente da APP Sindicato Londrina, Márcio André Ribeiro.

Ribeiro aponta também que o aumento do analfabetismo entre as pessoas mais idosas no Paraná é reflexo direto do desmantelamento da estrutura de educação de jovens e adultos. "Apesar de todos os protestos, inclusive acionando o Ministério Público para garantir os direitos constitucionais, várias unidades do Ceebja foram fechadas em todo o estado. E isso explica de uma forma muito direta e objetiva a piora nos índices", apontou.

A APP-Sindicato critica ainda a precarização e o fechamento de vários cursos de educação profissionalizante no estado, assim como a terceirização de muitos serviços na educação e a suspensão de concursos públicos. "Não há nenhuma justifica nem diálogo. Ele simplesmente determina e faz. A condução da educação pública no Paraná é uma tragédia e os índices vão piorar", finaliza Ribeiro.

MENOR ÍNDICE HISTÓRICO

O governo estadual, por meio da Agência Estadual de Notícias, destaca que os dados do IBGE apontam uma redução de dois pontos percentuais na taxa de analfabetismo no Paraná entre 2010 e 2022, atingindo assim o menor índice histórico no Estado.

Dados divulgados nesta sexta-feira (17) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) apontam uma redução de dois pontos percentuais na taxa de analfabetismo no Paraná entre 2010 e 2022, anos em que foram realizados os últimos censos. “Neste intervalo de tempo de 12 anos, a proporção de pessoas residentes no Paraná que não sabem ler e escrever caiu de 6,3% para 4,3%, alcançando o menor índice histórico. Em 2000 a taxa era de 9,5%”, ressalta.

PAÍS

A Região Sul continuou com a maior taxa de alfabetização, que aumentou de 94,9% em 2010 para 96,6% em 2022. Em seguida, está a da Região Sudeste, passando de 94,6% em 2010 para 96,1% em 2022. A taxa da Região Nordeste permaneceu a mais baixa, apesar do aumento de 80,9% em 2010 para 85,8% em 2022. A segunda menor taxa de alfabetização é a da Região Norte, cujo indicador seguiu a tendência nacional, aumentando de 88,8% em 2010 para 91,8% em 2022, ficando um pouco mais próxima da Região Centro-Oeste, que passou de 92,8% em 2010 para 94,9% em 2022.

O analfabetismo na Região Nordeste (14,2%) continuou sendo o dobro da média nacional (7,0%) – em 2010, as taxas eram, respectivamente, de 19,1% e 9,6%. As taxas de analfabetismo do Norte e do Nordeste tinham, em 2022, valores acima de 2% desde o primeiro grupo de idade. No Centro-Oeste, isso ocorreu a partir de 35 a 44 anos e para no Sul e Sudeste apenas a partir de 45 a 54 anos.

MUNICÍPIOS

Em todas as classes de tamanho, os cinco municípios com menor taxa de analfabetismo são da Região Sul ou de São Paulo. Na faixa de até 10 mil habitantes os destaques são: São Joao do Oeste/SC (0,9%), Westfália/RS (1,1%), Rio Fortuna/SC (1,2%), Águas de São Pedro/SP (1,2%) e São Vendelino/RS (1,3%). Entre os municípios acima de 500 mil habitantes destacam-se Florianópolis/SC (1,4%), Curitiba (1,5%), Joinville/SC (1,6%), Porto Alegre (1,7%) e Santo André/SP (2,0%).

Já as maiores taxas de analfabetismo foram encontradas na Região Nordeste, que reuniu 22 dos 25 municípios selecionados. As maiores taxas estão nas classes de até 10 mil habitantes, todos do Piauí - Floresta do Piauí (34,7%), Aroeiras do Itaim (34,6%), Massape do Piauí (34,3%), Paquetá do Piauí (34,3%) e Padre Marcos (34,0%); e na faixa de 10 mil a 50 mil habitantes – Alto Alegre/RR (36,8%), Estrela de Alagoas/Al (34,2%), Traipu/AL (32,7%), Pedro Alexandre/BA (31,9%) e Amajari/RR (31,8%).(Com informações da Agência IBGE)