São Paulo - Pelo quinto ano consecutivo, a taxa de nascimentos registrou queda no Brasil, segundo dados divulgados nesta quarta-feira (27) pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística). Em 2022, o país teve 2.542.298 de nascimentos, queda de 3,5% na comparação com 2021, que somou 2.635.854 bebês.

O número de nascidos em 2022 representa uma queda de 11,4% da média do país de 2010 a 2019, que foi de 2.868.479.

A queda da natalidade no país integra uma transformação demográfica que já está em curso desde os anos 1960. "Esse processo já passou por outros países, principalmente países desenvolvidos, e observamos que, nas últimas três décadas, ele acelerou", diz Janaína Feijó, pesquisadora da FGV-Ibre (Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas).

O IBGE aponta que todas as regiões do país registram quedas de nascimentos - Nordeste (-6,7%), Norte (-3,8%), Sudeste (-2,6%), Centro-Oeste (-1,6%) e Sul (-0,7%). Em relação aos estados, apenas Santa Catarina (2%) e Mato Grosso (1,8%) registraram aumento da natalidade.

Feijó diz que a queda de fecundidade aconteceu primeiro em estados mais ricos, mas hoje já é percebida em praticamente todo o país. "À medida que aumentou o nível de escolaridade, as mulheres têm postergado a maternidade", diz.

O estudo mostra ainda que, aproximadamente, 39% dos nascidos em 2022 tinham mães com 30 anos ou mais de idade. Os dados demonstram que mulheres se tornam mães cada vez mais tarde.

Em relação a gravidez na adolescência, em 2022, o Brasil registrou uma queda de 14% de meninas que se tornaram mães antes dos 15 anos. A taxa diminuiu em todos os estados, com exceção de Amapá e Mato Grosso, que tiveram aumento de 13% e 9%, respectivamente.

Também houve uma queda da parcela que, antes dos 20 anos, teve filho. Em 2000, por exemplo, 21,6% das mulheres tinham menos de 20 anos quando se tornaram mães. Em 2022, este índice caiu para 12,1%.

A proporção de 20 a 29 anos também caiu na última década - de 54,5% foi para 49,2%. Já a parcela que teve filho de 30 a 39 anos teve um aumento expressivo e passou de 22% da população para 34,5%.