Com um sorriso de orelha a orelha e um abraço em cada um dos veteranos, Jéssica Borges, 23, chegou à UEL (Universidade Estadual de Londrina) na manhã desta segunda-feira (17) para o seu primeiro dia como estudante de Relações Públicas. Ela diz que sempre quis fazer algum curso relacionado à área de comunicação, sendo que RP é o que se encaixa melhor com seus objetivos. Emocionada, ela conta que realizou um sonho que é compartilhado entre toda a família. “Ainda é muito inacreditável para mim estar aqui”, admite.

A emoção de Borges é compartilhada com outros 2.800 calouros que estão chegando para cursar o ano letivo de 2024 na UEL. Com uma semana de recepção recheada de atividades para a integração dos calouros, assim como com passeios pelo campus, o começo de um novo ciclo é sempre marcado pelo nervosismo, o que a reportagem foi conferir de perto. Por isso, o papel do veterano é fundamental para trazer tranquilidade e calma para quem está chegando agora, como conta Júlia Castiquini, 18, que está cursando o 2° ano de Relações Públicas. “A gente espera que eles possam contar conosco como um apoio e que depositem 100% da confiança na gente”, afirma.

Durante a semana, os calouros vão ter o primeiro contato com os professores do Departamento de Relações Públicas, que os guiarão nos próximos anos, assim como vão conhecer pontos importantes da UEL. Além disso, os calouros e veteranos vão aproveitar juntos um lanche, em que vão ser feitas brincadeiras para que cada um conheça um pouco sobre a vida e curiosidades do outro.

Ao caminhar pelo Ceca (Centro de Educação, Comunicação e Artes), era possível ver grupos de calouros e veteranos interagindo pessoalmente pela primeira vez. Apesar do nervosismo e da timidez de alguns, o contato inicial é uma forma de “quebrar o gelo”. Aos 17 anos, Davi Quadros garante que está animado e nervoso para começar o curso de Artes Cênicas. Com o sonho de seguir carreira na área do cinema, ele optou por começar com cênicas para depois dar continuidade nos planos. “Eu nunca imaginei estar aqui como aluno”, ressalta, complementando que acredita que os próximos quatro anos serão intensos, mas admite estar ansioso para a parte prática do curso.

“As expectativas são grandes e eu sei de uma coisa: estou pronta para o que der e vier", promete Valdeli Oliveira
“As expectativas são grandes e eu sei de uma coisa: estou pronta para o que der e vier", promete Valdeli Oliveira | Foto: Jessica Sabbadini - Especial para a FOLHA

Com o poder de incluir, a educação é feita para todos, sem barreiras de idade, gênero ou de qualquer outro tipo. Aceitando enfrentar mais um desafio, Valdeli Aparecida de Oliveira, 57, fala com orgulho que é caloura do curso de Pedagogia na UEL. Ela garante que sempre teve muito apreço pela área, só que a oportunidade de fazer o curso só veio agora e ela aceitou o desafio. Tendo como principais incentivadores o filho e a nora, ela está realizando um sonho de todos, já que é a primeira pessoa da família a conseguir ingressar na UEL. “As expectativas são grandes e eu sei de uma coisa: estou pronta para o que der e vier. O que tiver pela frente, eu vou dar o máximo de mim”, afirma.

“São 25 anos sem entrar em uma sala de aula, então os desafios vão ser grandes", prevê Patricia Gertrudes
“São 25 anos sem entrar em uma sala de aula, então os desafios vão ser grandes", prevê Patricia Gertrudes | Foto: Jessica Sabbadini - Especial para a FOLHA

Por 20 anos trabalhando na parte administrativa de uma empresa, Patrícia Martins Gertrudes Silva, 44, também está assumindo a posição de caloura do almejado curso de Pedagogia. No final da década de 1990, ela concluiu o magistério e chegou a trabalhar em escolas por um período, mas acabou tendo que sair ao dar à luz a filha mais velha. Neste ano, a caçula, que tem 10 anos, iria começar a ir para a escola na parte da manhã, o que permite que ela faça o curso no período matutino. “São 25 anos sem entrar em uma sala de aula, então os desafios vão ser grandes, mas eu acredito que vai ser um processo de adaptação e vou poder contar com o apoio dos alunos e dos docentes”, conta.

Ao ser questionada sobre como foi chegar na UEL para o primeiro dia de aula, ela não conseguiu segurar as lágrimas, que mesclam a alegria e o nervosismo pelo novo desafio a ser vencido. “Você enfrenta mais dificuldades do que facilidades, só que o que faz você caminhar é a força que você tem e a família te apoiando”, afirma.

Imagem ilustrativa da imagem Ansiedade e emoção marcam primeiro dia de aula para mais de 2.800 calouros da UEL
| Foto: Jessica Sabbadini - Especial para a FOLHA

Em seu primeiro dia oficial como aluno do CCE (Centro de Ciências Exatas), João Pedro Kendi, 18, conta que o gosto pela Biotecnologia cresceu durante o ensino médio, já que ele aliou os estudos junto a um curso técnico na área. Por já ter uma base, ele garante que não está nervoso, mas sim animado. “Vir aqui para a UEL como aluno parece que é uma responsabilidade muito grande”, opina.

Veterano de Kendi, Dimitri Alves da Costa, 18, explica que os primeiros dias da recepção serão destinados à apresentação do curso, da grade curricular, dos estágios e do corpo docente. Depois, será feito uma dinâmica para que os calouros conheçam a universidade e sejam “adotados” pelos veteranos. “Como o curso é novo, a gente ainda está criando as tradições, mas além da adoção dos calouros nós temos também uma cápsula do tempo”, ressalta, adiantando que os estudantes vão poder escrever o que eles esperam dos próximos anos do curso. A cápsula será aberta após a formatura. “Esse é um momento muito bom para que eles possam tirar as dúvidas”, afirma.

Imagem ilustrativa da imagem Ansiedade e emoção marcam primeiro dia de aula para mais de 2.800 calouros da UEL
| Foto: Jessica Sabbadini - Especial para a FOLHA

Cuidando de uma lâmpada como se fosse um filho, o calouro de Engenharia Elétrica Yan Lucas de Jesus, 18, conta que passou por uma atividade logo pela manhã em que teve que percorrer todo o calçadão de mãos dadas com um colega de turma. A dinâmica, que faz parte da recepção aos calouros, rendeu boas risadas no Departamento de Engenharia Elétrica, no CTU (Centro de Tecnologia e Urbanismo). Com um uniforme feito de saco de lixo e uma placa com o apelido “Scania”, ele garante que a semana pretende ser “caótica”, mas que está animado para a experiência. “Desde sempre eu tive vontade de mexer com a robótica e automação, então eu vi que o curso era uma forma de eu poder trabalhar nesse meio”, ressalta.

“Eu estava um pouco tímida, mas acabei fazendo algumas amizades e está tudo bem agora"”, afirma Júlia Furusato
“Eu estava um pouco tímida, mas acabei fazendo algumas amizades e está tudo bem agora"”, afirma Júlia Furusato | Foto: Jessica Sabbadini - Especial para a FOLHA

Apaixonada por estruturas e prédios, Júlia Furusato, 18, entrou de cara na área da Arquitetura e Urbanismo. Animada para estudar mais sobre conforto ambiental, que é uma das disciplinas iniciais do curso, a jovem afirma que tem mais afinidade com a parte ambiental da arquitetura. “Eu estava um pouco tímida, mas acabei fazendo algumas amizades e está tudo bem agora”, afirma.

“Eu amo muito Londrina e amo a UEL também”, diz.
“Eu amo muito Londrina e amo a UEL também”, diz. | Foto: Jessica Sabbadini - Especial para a FOLHA

Colega de sala de Furusato, Isabela Leonel, 18, já tem experiência na área da Arquitetura e Urbanismo. Após ter cursado três períodos da graduação em Curitiba, na UFPR (Universidade Federal do Paraná), acabou não se acostumando com a cidade, o que motivou que a tentativa no vestibular na UEL. “Eu amo muito Londrina e amo a UEL também”, diz. Com as expectativas lá no alto, ela garante que quer aproveitar tudo que a universidade tem a oferecer, o que vai muito além da sala de aula. “A UEL é muito voltada aos projetos de extensão”, explica, complementando que essa é uma das diferenças mais marcantes se comparada à UFPR.

Agora veterana de Arquitetura e Urbanismo, Bethânia Benate, 21, conta que o curso tem algumas tradições, como o "berequetê", em que os calouros improvisam alguns passos de dança no calçadão da universidade para promover a integração. Outro ponto marcante que ocorre durante a semana de recepção dos estudantes é uma ação solidária voltada à comunidade. Neste ano, eles vão promover a pintura de brincadeiras no chão, como a amarelinha, no Colégio de Aplicação da UEL, que fica no campus universitário. “Essa é uma semana de integração para que a gente possa chamar os calouros para a faculdade e para o curso”, ressalta.

Confirmação de matrícula

Apesar de toda a euforia do início do ano letivo, Ana Márcia Fernandes Tucci de Carvalho, pró-reitora de Graduação, alerta que os calouros precisam realizar a confirmação de matrícula para garantir, de fato, a vaga na universidade. Um dos caminhos para cumprir a etapa final de confirmação da matrícula é pelo site SER UEL (https://sites.uel.br/ser/) em um processo rápido e fácil e que precisa ser feito até a próxima sexta-feira (21). “Com essa confirmação, ele passa a ser o nosso estudante oficial”, aponta, complementando que, a partir da confirmação, ele pode fazer a carteirinha de estudante, obter o passe escolar e utilizar o RU (Restaurante Universitário).

#EuRespeito

Carvalho explica que essa já é a sexta edição da campanha “Antesdetudo#EuRespeito”, que visa conscientizar sobre a importância do respeito às diferenças. “A UEL é uma universidade pública, gratuita, inclusiva, então nós queremos que todo mundo aqui dentro se respeite muito”, reforça.

A chegada de novos estudantes é sempre um momento muito feliz, aponta a pró-reitora, tanto para a universidade quanto para os calouros. Segundo ela, além de todo o conhecimento obtido durante os anos de graduação, a UEL também é um meio de criar laços que vão para além dos muros da universidade. “A gente espera que todos sejam muito bem-vindos”, finaliza.