Os produtores rurais têm uma grande missão: colocar comida na mesa do brasileiro, sendo responsáveis por cultivar o algodão que vira uma peça de roupa ou o grão que, após torrado e moído, dá origem àquele delicioso cafezinho. Voltado à desenvolver habilidades de liderança entre os produtores rurais, a Faep-PR (Federação da Agricultura do Estado do Paraná) e o Senar-PR (Serviço Nacional de Aprendizagem Rural do Paraná) realizaram no dia 05 de junho um evento para reunir agricultores e pecuaristas que atuam na região de Londrina para debater sobre o trabalho no campo e a importância da mobilização de classe.

Já na quarta edição do Encontro Regional de Lideranças Rurais, o objetivo do evento é fortalecer e difundir o conhecimento entre os produtores rurais, principalmente no que envolve o espírito de liderança no campo. Livaldo Gemin, diretor secretário do Sistema Faep/Senar-PR, explica que, em Londrina, o evento contou com a participação de cerca de 320 produtores rurais, sendo que 59% eram mulheres.

“Eu denomino que as mulheres são a nossa força revolucionária porque até então era um espaço que elas não tinham conquistado e que, com liderança, vêm conquistando”, aponta. Inclusive, a federação conta com uma Comissão da Mulher, que é voltada para a criação de projetos e ações envolvendo as produtoras rurais de todo o Paraná. “As mulheres são conscientes, resilientes, organizadas, determinadas e exigentes”, detalha.

Nas primeiras três edições, o evento já alcançou 190 municípios e 120 sindicatos, além de mais de 6.500 participantes. Tema do encontro, Gemin explica que um bom líder rural é construído aos poucos, já que muitas pessoas precisam despertar o espírito da liderança. Para ele, eventos como esse ajudam a incentivar que os produtores tomem frente tanto dentro da entidade sindical quanto na sociedade. “A comida nossa de todo dia, a distribuição de renda e até a conquista de emprego passa pelo agro. Onde o agro está ativo, não tem falta de emprego”, afirma.

DESAFIOS

Com os pés no campo desde que nasceu, Florisa Satie Hoshino, 64, tem uma propriedade em Ibiporã (Região Metropolitana de Londrina) voltada à produção de soja, milho e, por vezes, trigo. Ela conta que ainda é possível enxergar o machismo dentro do agronegócio, mas que, aos poucos, o cenário vem mudando, principalmente por conta da participação intensa das mulheres nos eventos do setor. Presidente do Sindicato dos Produtores Rurais de Ibiporã, ela conta que assumiu a missão pelo amor que sente pela profissão e garante que o agricultor precisa estar aberto aos desafios.

Imagem ilustrativa da imagem Mulheres são maioria em evento sobre liderança no agro
| Foto: Hélio Lacerda/Divulgação/Faep

Para ela, estar em contato com outros produtores rurais permite a troca de experiências e de conhecimentos, que podem ser aplicados no dia a dia. Hoshino garante que o engajamento é um dos pontos fundamentais para que um produtor rural tenha sucesso, já que o trabalho é árduo. “É uma empresa a céu aberto”, define, complementando que o clima favorável é um fator fundamental para uma colheita. Outro ponto que a produtora garante como crucial é o cuidado com a terra, já que mesmo com condições climáticas adversas, ela pode render bons resultados.

Troca de experiências

Há mais de 30 anos com as estacas fincadas ao solo vermelho do Paraná, o produtor rural Eduardo Martins, 51, tem uma propriedade em Alvorada do Sul (Região Metropolitana de Londrina) para a produção de soja e milho e outra em Cruzeiro do Oeste (Noroeste) voltada para a criação de gado. “Esse evento vem para trazer uma visão mais ampla do nosso papel na sociedade”, aponta. Ele garante que os produtores rurais vêm enfrentando diversos desafios ao longo dos anos e que, ainda assim, a classe tem dificuldade em se mobilizar, principalmente por conta dos problemas enfrentados no dia a dia.

Eduardo Martins: “A gente vive em uma época muito dinâmica, então você não pode ficar para trás”
Eduardo Martins: “A gente vive em uma época muito dinâmica, então você não pode ficar para trás” | Foto: Hélio Lacerda/Faep/Senar/Divulgação

“A gente vive em uma época muito dinâmica, então você não pode ficar para trás”, explica, reforçando a importância da troca de experiências entre os colegas de profissão e da atualização no que diz respeito às novas tecnologias que surgem no mercado. “A gente acorda comendo um pãozinho, a gente veste uma roupa de algodão, a gente come um ovo frito no óleo de soja. Direta ou indiretamente, muitos setores estão ligados ao agronegócio”, afirma.