College Station, EUA, e Rio de Janeiro - O encantamento se mistura com cautela quando se trata de Endrick na seleção brasileira. Principalmente ao ressurgirem comparações com Pelé.

Endrick repetiu contra o México um dos feitos de Pelé: foi o segundo jogador com menos de 18 anos a fazer três gols em três jogos seguidos pela seleção.

Comissão e direção já acenderam alerta a cada menção ao Rei em frases sobre Endrick e tentam blindar o atacante. A ideia é evitar um peso ainda maior do que já está sobre o atual camisa 9 da seleção, que está de mudança para o Real Madrid.

As comparações com Pelé começaram com fotos (como no torneio de Toulon, em 2022) e nas roupas da apresentação de Endrick à seleção. Agora, com o desempenho dele em campo, o paralelo passou a envolver números. No entanto, o próprio atacante foi categórico ao se esquivar de paralelos com Pelé.

"Vocês criam coisas de vocês. Vocês criam coisas malucas. Quando eu era menor, eu via bastante rede social. Vocês ficam me comparando com Victor Roque, com o Pelé. Vocês são malucos. Pelé foi o Pelé. Vocês não devem ficar comparando ninguém, porque para mim isso é feio. Cada um tem sua história, sabe de onde veio, sabe o que passa para poder jogar. E vocês querem ficar comparando jogador com jogador. É só deixar fazer a história", disse Endrick, aos jornalistas depois da vitória por 3 a 2 sobre o México.

O técnico Dorival Júnior é um que já deu um passo adiante para blindar Endrick. O treinador foi perguntado sobre a marca em relação a Pelé e disse que vai ter cuidado com o jogador.

Ao mesmo tempo, Dorival não nega que está contente com que o atacante tem feito sob seu comando: fez o único gol na vitória sobre a Inglaterra, em Wembley, marcou no apertado empate com a Espanha, em Madri, e agora apareceu diante dos mexicanos para evitar um empate que seria, no mínimo, incômodo, após o Brasil abrir 2 a 0.

As comparações com Pelé deixam até a família de Endrick atenta e incomodada. Já era assim quando a foto do torneio de Toulon foi publicada; uma conquista ainda na base, mas que teve como imagem icônica um cenário que lembrou a comemoração de Pelé na Copa de 1970.

A foto virou quadro na casa da família, mas nem por isso o paralelo com Pelé foi bem aceito. "A única coisa que eu acho meio desconfortável é a comparação. Não tem como querer comparar o Endrick com o Pelé. Ele mesmo falou que ele quer ser conhecido pelo que ele fez", disse ao UOL Douglas Ramos, pai do jogador.

Endrick tem contra os Estados Unidos, na quarta-feira (12), mais uma chance de fazer a diferença pela seleção brasileira. Será o último amistoso antes da Copa América.

O momento atual contrasta com os dois primeiros jogos pela seleção, ainda sob o comando de Fernando Diniz, quando vieram duas derrotas e dois jogos em branco. A química com Dorival parece funcionar melhor.