Técnicos dos núcleos regionais de Jacarezinho e de Londrina do IAT (Instituto Água e Terra) devolveram nesta quinta-feira (13) à natureza um tamanduá-bandeira fêmea. O animal foi encontrado ferido em março em um lote urbano de Wenceslau Braz (Norte Pioneiro). A fêmea adulta permaneceu por três meses em tratamento e reabilitação no Centro de Apoio à Fauna Silvestre que funciona na clínica veterinária do Centro Universitário Filadélfia (Unifil), em Londrina, até que pôde ser novamente solto. A Unifil mantém convênio com o IAT para atendimento de animais silvestres.

O resgate mobilizou técnicos do IAT de Jacarezinho, Cornélio Procópio e Londrina. O tamanduá chegou ao CAFS pesando apenas 27 quilos, estava desidratado, com várias feridas extensas, escoriações e fratura na região pélvica.

A médica-veterinária Daniela Martina, coordenadora do Hospital Veterinário da UniFil, relata que a tamanduá não levantava nem comia, precisou ficar 20 dias em repouso completo. "Superamos a dificuldade de alimentação em cativeiro ensinando a comer num pote. Foi uma tarefa de paciência e conquista de confiança. Deu certo e ela conseguiu recuperar peso e se fortalecer", explica a profissional com especialização em animais silvestres. Ao voltar ao ambiente natural, a tamanduá chamada de Flor estava com 32 quilos.

A cicatrização dos ferimentos exigiu tratamento a laser, além do acompanhamento diário para curar as fraturas. "Depois teve o período de fisioterapia para recuperação dos movimentos e reabilitação total da tamanduá-bandeira. Durante todo o período tivemos a dedicação da equipe do HV e o suporte do IAT, o que contribuiu no salvamento do animal" , comenta Martina.

PELAGEM CARACTERÍSTICA

De acordo com o Instituto Tamanduá, ONG especializada nos cuidados da espécie, o tamanduá-bandeira (Myrmecophaga tridactyla) é um mamífero que mede cerca de dois metros, podendo pesar até 45 quilos. A espécie se alimenta principalmente de formigas e cupins, usando as garras dianteiras para abrir buracos no solo e a língua de 60 centímetros para capturar os insetos.

O animal pode ser facilmente reconhecido por sua pelagem característica, que tem uma faixa diagonal preta com bordas brancas que se estende do peito até a metade do dorso, além do característico focinho comprido. É uma espécie solitária, que é mais ativa durante os períodos mais amenos do dia.

ATENDIMENTO

O Centro de Apoio à Fauna Silvestre é um local preparado para receber, identificar, marcar, triar, avaliar, e estabelecer tratamento veterinário para animais acolhidos por órgão ambiental em ações de fiscalização, resgates ou entrega voluntária por particulares.

A permanência dos animais depende do tempo necessário para sua recuperação. O destino pode ser a soltura no habitat natural ou, quando é um risco devolvê-lo para a natureza, são encaminhados a criadouros habilitados pelo IAT, ou mantenedores individuais, igualmente habilitados.

São quatro CAFS em funcionamento no Estado, resultados de parcerias do IAT com o Centro Universitário Filadélfia, de Londrina; Unicentro (Universidade Estadual do Centro-Oeste do Paraná), de Guarapuava ; Univel (Centro Universitário de Cascavel) e Unicesumar, de Maringá.

Durante a Semana do Meio Ambiente, o IAT também assinou um termo de cooperação para a criação de um novo CAFS no Parque das Aves, em Foz do Iguaçu. Com previsão de abertura para o segundo semestre de 2024, a estrutura contará com quarentena, sala de cuidados neonatais, ambulatório e equipamentos para a realização de exames, possibilitando um tratamento mais eficaz para aves resgatadas, como as encaminhadas pelos técnicos do IAT.

COMO PROCEDER

Ao avistar animais machucados ou vítimas de maus-tratos, tráfico ilegal ou cativeiro irregular, o cidadão deve entrar em contato com a Ouvidoria do Instituto Água e Terra ou da Polícia Militar do Paraná.

Se preferir, a pessoa pode ligar para o Disque Denúncia 181 e informar de forma objetiva e precisa a localização e o que aconteceu com o animal. Quanto mais detalhes sobre a ocorrência, melhor será a apuração dos fatos e mais rapidamente as equipes conseguem fazer o atendimento.

(Com informações da Agência Estadual de Notícias e do HV da Unifil)

(Atualizada)