Construída para homenagear o centenário da imigração japonesa no Brasil, a praça Tomi Nakagawa, no centro de Londrina, se transformou num verdadeiro “presente de grego”. Inaugurado há 16 anos, completados no último dia 22, o espaço atualmente é cenário evidente da falta de manutenção e da ação de vândalos e criminosos. A estrutura fica ao lado do PAI (Pronto Atendimento Infantil), onde diariamente frequentam dezenas de famílias e, principalmente, crianças.

LEIA TAMBÉM: Motociclistas e motoristas ‘transformam’ canteiro em rua na zona leste

O mais importante monumento da praça é o retrato da ausência de cuidado. A obra de 20 metros de altura, com duas torres que se encontram na ponta e a parede que faz referência à proa de um navio, está completamente abandonada. São pichações, fios de iluminação e de energia elétrica cortados e arrancados por ladrões, parte do inox não existe mais e lixo acumulado, indo de cobertores a restos de embalagens e até fezes humanas, gerando mau cheiro.

O chafariz não funciona, está sujo e com descarte de embalagens. Vegetação tem crescido no que seria o espelho d’água. As placas de mármore com nomes dos japoneses pioneiros que vieram para a cidade já não são mais vistas. Andando pela local ainda é possível encontrar mais pacotes de lixo acumulados e várias peças quebradas.

Pela praça é possível encontrar embalagens, cobertor e fezes
Pela praça é possível encontrar embalagens, cobertor e fezes | Foto: Pedro Marconi

Situação que incomoda quem passa por um dos quadriláteros mais movimentados e importantes do município. “O estado que deixaram virar essa praça é uma vergonha. Um lugar que nasceu tão bonito foi dizimado ao longo dos anos e não se vê um investimento para melhorar, para recuperar e atrair as pessoas para ocuparem este local que um dia foi cheio de cultura”, criticou um morador, que pediu para não ser identificado.

Como era a praça na época da inauguração, em 2008
Como era a praça na época da inauguração, em 2008 | Foto: Claudio Seidi Nonaca/AEN/Arquivo

A segurança é outro alvo de críticas. “Durante o dia até dá para arriscar passar, porque tem movimento em volta, a creche, comércios abertos, mas durante a noite é impossível. São muitas pessoas em situação de rua, elas pedem dinheiro, já vi gente usando droga”, relatou uma funcionária que trabalha na região.

Frequentemente, policiais militares e agentes da GM (Guarda Municipal) fazem abordagens. Nesta quarta-feira (26), por exemplo, um homem foi flagrado pela PM fazendo o uso e portando maconha. Foi lavrado um TCIP (Termo Circunstanciado de Infração Penal) contra ele.

PRESENÇA DO PRÍNCIPE

A praça foi construída com recursos municipal, federal e privado ao custo de R$ 2,5 milhões. A inauguração, em 2008, contou com a presença de autoridades estadual e da República e participação do então príncipe herdeiro do Japão, Naruhito, hoje imperador do país. “Deviam reformar essa praça e promover feiras diversas para que as pessoas voltem a frequentam e cuidar”, opinou o autônomo Gustavo Brito.

CMTU E PREFEITURA

Em nota, a CMTU (Companhia Municipal de Trânsito e Urbanização) informou que “mantém no local o serviço de capina e roçagem da grama, assim como a varrição e a retirada de lixo” e que “apesar dessas atividades serem realizadas periodicamente, existe o caso das pessoas em situação de rua que diariamente voltam a sujar o espaço”. “As demais situações, como fiação, iluminação ou reformas estruturais são de competência de outras pastas”, destacou.

A reportagem também procurou o Núcleo de Comunicação da prefeitura, que limitou-se a dizer que “a CMTU é que faz a manutenção das praças.”