Uma megaoperação desencadeada nesta quinta-feira (6) pela PF (Polícia Federal) e Receita Federal cumpriu sete mandados de prisão e 53 de busca e apreensão no Paraná, São Paulo, Rio de Janeiro e Santa Catarina. A maior parte dos mandados foram em Londrina, com cinco pessoas presas na cidade. Elas seriam as lideranças do grupo criminoso que comprava produtos, principalmente eletrônicos, dos Estados Unidos, China e Hong Kong e trazia para o Paraguai e, posteriormente, para o Brasil.

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Uma pessoa foi detida no Rio de Janeiro e a sétima está foragida, fora do País. As investigações começaram em 2020 e desvendaram que a organização atuava desde 2014 trazendo mercadorias sem nota fiscal e fugindo das regras fiscais brasileiras. Os integrantes do grupo são ex-agentes de forças de segurança, como policiais Militar, Civil e Penal.

“Eles atuavam no descaminho e a investigação apurou que alguns eram servidores púbicos, que chegaram a pedir exoneração a passaram a atuar exclusivamente na pratica criminosa. Arregimentaram pessoas para atuar na logística, transporte de mercadores, laranjas para emprestar os nomes para movimentação de recursos financeiros, para constituição de empresas fictícias”, detalhou o delegado federal Thiago Amorim.

Os contrabandistas mantinham uma vida de luxo e ostentação. Estima-se que foram movimentados na última década cerca de R$ 700 milhões. “Temos uma das empresas, que está no nome de uma funcionária desse grupo, que movimentou R$ 348 milhões. Existem pessoas físicas ligadas a esse grupo, cuja a profissão é mototaxista ou motorista de aplicativo, que movimentaram em torno de R$ 60 milhões nos últimos anos”, destacou Reginaldo Cezar Cardoso, delegado da Receita Federal em Londrina.

Carros antigos e de luxo foram apreendidos
Carros antigos e de luxo foram apreendidos | Foto: Divulgação PF

O mentor da organização teve um aumento no patrimônio de zero para R$ 236 milhões, comprando, por exemplo, 12 apartamentos de luxo na região de Balneário Camboriú. “A cobertura que ele declara para ter esse patrimônio é da distribuição de lucro de empresas que não têm atividade econômica que justifique esses valores”, ponderou. “Esse grupo evoluiu em relação ao contrabando tradicional e conseguia fazer as compras diretamente na China e nos Estados Unidos. Os pagamentos eram feitos diretamente do Brasil para essas organizações chinesas e norte-americanas por meio de criptomoedas”, acrescentou.

BENS BLOQUEADOS

Por decisão da Justiça foram bloqueados aproximadamente R$ 400 milhões da organização. Foram "sequestrados" dinheiro em espécie, obras de arte, joais, criptoativos, itens de luxo e carros caros e até mesmo antigos. A operação foi denominada Anemia e contou com a participação de 230 policiais federais e 34 auditores-fiscais da Receita Federal.

"Verificou-se ainda que a organização criminosa estaria atuando juntamente com uma rede de colaboradores de agentes públicos ativos e inativos para consecução de atividade criminosa, em especial agentes da segurança pública", pontuou a PF. Os mandados foram realizados com o apoio das corregedorias das políciais Militar, Civil e Penal do Paraná.