O presidente do Sindiclínicas (Sindicato de Clínicas e Consultórios do Paraná) de Londrina e um sócio dele numa empresa privada foram presos na manhã desta terça-feira (25) pela Decoor (Divisão Estadual de Combate à Corrupção) de forma temporária, ou seja, por cinco dias. O presidente do Sinsaúde (Sindicato Dos Empregados em Estabelecimentos de Serviços de Saúde de Londrina e Região) também foi alvo de mandado de detenção e não havia sido encontrado na cidade. À tarde, a polícia divulgou que ele foi localizado e preso em Porto Seguro (BA).

As duas lideranças sindicais são apontadas pela Polícia Civil por supostamente comandar um esquema de superfaturamento de contrato e também benefício individual. De acordo com o delegado Thiago Vicentin, titular da delegacia especializada em Londrina, em 2016 foi firmado um contrato entre os sindicatos, via acordo coletivo, para o desconto de até 20% sobre o vale-refeição dos funcionários da saúde da cidade e da região, como enfermeiros, técnicos e fisioterapeutas, para subsidiar benefícios para a categoria, como plano funerário e assistencial.

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No entanto, a empresa contratada para ofertar os benefícios seria do presidente do Sindiclínicas. “O sindicato laboral (dos trabalhadores) disciplinou com empregadores que o valor seria encaminhado ao sindicato, como forma de oportunizar a manutenção de serviços assistenciais. Ocorre que detectamos que a empresa contratada pelo sindicato para oferta desses serviços é de propriedade de uma das partes da convenção”, frisou o delegado. “Além dessa parcialidade, no mínimo, ilícita no campo civil (em favor do presidente patronal), detectamos superfaturamento por parte da empresa”, apontou.

LAVAGEM DE DINHEIRO

A investigação indicou que o montante financeiro – este lícito - gasto com a seguradora era de aproximadamente R$ 300 mil. “Só que a empresa do presidente do sindicato patronal, junto com o terceiro preso, recebia o equivalente a 860% a mais em relação ao que deveria receber. O dinheiro era repassado do Sinsaúde para essa empresa e dessa empresa para a conta do presidente do sindicato patronal em quase a totalidade”, detalhou.

Entre os crimes que os investigados podem responder estão peculato e lavagem de dinheiro. “Temos três ou até mais pessoas associadas e há evidências veementes de lavagem de dinheiro, verificamos o fracionamento dos depósitos”, destacou. Além dos mandados de prisão e busca, a Polícia Civil conseguiu o bloqueio de valores nas contas dos investigados e, se necessário, o sequestro de veículos e imóveis.

SINDICATO NEGA IRREGULARIDADES

Por meio de nota, o Sinsaúde negou o cometimento de “qualquer irregularidade em relação aos valores pagos pelos trabalhadores para ter acesso à cesta de benefícios, que incluí seguro de vida e plano odontológico, previsto em convenção coletiva”. “O sindicato nunca impôs uma bandeira de seguradora para ter acesso aos serviços”, defendeu. A entidade ainda reiterou “que o dinheiro pago pelos trabalhadores não fica retido com a entidade e que é redirecionado diretamente para a conta da seguradora e documentado.”

A reportagem procurou, mas não conseguiu contato com representantes do Sindiclínicas para apresentarem a versão da instituição sobre as acusações da Polícia Civil.

Atualizada às 17h49