Carlópolis - Turismo e agricultura familiar integrados caminham para a realidade em Carlópolis (a 60 km de Jacarezinho, Norte Pioneiro), começando pela seleção de 41 famílias que vão ocupar 162,4 hectares da centenária Fazenda Três Fontes ou ''dos alemães'', conforme o projeto já em apreciação ministerial para que seja incluído no Programa Nacional de Crédito Fundiário. Paralelamente, o município assume a sede da fazenda, em 12,2 hectares, com o propósito de transformá-la no ''Museu do Café'' e centro de capacitação profissional.
Os 174,65 hectares que serão comprados de Odair Rech constituem uma parcela da antiga ''Fazenda dos Alemães'', que pertencia a Willy Hauer, de Curitiba. Identifica-se uma típica propriedade cafeeira do século passado, pelas construções e equipamentos. São os ''terreiros'' na parte alta e a estrutura permitindo a condução dos grãos, por gravidade, até os tanques de lavagem; o setor de beneficiamento e de embarque; barracões, casas, a capela de alvenaria decorada internamente.
Há tempos sem manutenção, o patrimônio terá de ser restaurado e acrescido de novas construções para que se venha a ter, inerente ao Museu, uma ''Faculdade de Turismo e Agricultura Familiar'', expôs à FOLHA o prefeito de Carlópolis, o médico Isaac Tavares da Silva. Impossibilitado financeiramente de fazer todos os investimentos, o Município recorrerá à Secretaria de Trabalho do Estado e ao Sistema S, compreendendo o Sebrae e o Senar em termos de capacitação profissional, e a órgãos federais (Ministérios do Turismo, da Cultura, do Meio Ambiente e de Cidades) para financiar.
A agrônoma Francislaine Ribeiro Bohrz, contratada pela Federação dos Trabalhadores na Agricultura do Estado do Paraná (Fetaep) para coordenar a parte produtiva, disse que há uma ''teia'' de instituições envolvendo o projeto, regionalmente aprovado pela Secretaria de Agricultura do Estado, que o levou à Unidade Técnica Estadual (UTE) do Ministério do Desenvolvimento Agrário (MDA). Se for aprovado, entra no Programa Nacional de Crédito Fundiário, que financia a compra da terra com prazo de 17 anos, até o limite de R$ 40 mil por família.
''Não é doação, as famílias vão pagar'', explica Francislaine, referindo-se ao crédito fundiário. ''A palavra final cabe à Superintendência Regional do Banco do Brasil, que, geralmente, concede quando o Ministério aprova.'' Já para produzir, buscar-se-á financiamento do Programa Nacional de Agricultura Familiar (Pronaf). Embora considere ponto pacífico a aprovação, a coordenadora não expõe minuciosamente o custo, por causa da fase de tramitação. Provavelmente, os lotes terão entre 3 e 3,5 hectares, considerando-se a área de preservação natural, que será coletiva.
Arrendatários, meeiros e outros trabalhadores experientes na cafeicultura, eis o ''perfil embutido no projeto'' de 99% das famílias, escolhidas com a participação do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Carlópolis. Segundo a coordenadora, pelas características de solo, topografia e clima, o café será predominante na maioria dos lotes; os demais se prestam à pecuária de leite e à fruticultura, sendo melhores opções uva e maracujá. O leite será vendido no mercado regional, até que a comunidade assentada tenha a própria agroindústria, consta no projeto.