Aos voluntários que contribuíram para flagelados do Rio Grande do Sul, vós sois como Brás Cubas, que abriu a janela da moralidade. Isso mesmo, quem ajudou aos flagelados gaúchos, além de abrir a dita janela, vai respirar o ar puro e aromático como do Jardim de Éden. Alegrem-se, porque sua recompensa é grande nos céus, são palavras de Jesus Cristo.

Vejam os trechos do capítulo 51 do livro de Memórias Póstumas de Brás Cubas, do famoso escritor Machado de Assis: "... Nessa noite não pensei mais na moeda; mas no dia seguinte, recordando o caso, senti uns repelões da consciência, e uma voz que me perguntava por que diabo seria minha uma moeda que eu não herdara nem ganhara, mas somente achara na rua. Evidentemente não era minha; era de outro, daquele que a perdera, rico ou pobre, e talvez fosse pobre, algum operário que não teria com que dar de comer à mulher e aos filhos; mas se fosse rico, o meu dever ficava o mesmo. Cumpria restituir a moeda e o melhor meio, o único meio, era fazê-lo por intermédio de um anúncio ou da polícia. Enviei uma carta ao chefe de polícia, remetendo-lhe o achado, e rogando-lhe que, pelos meios a seu fizesse devolvê-lo às mãos do verdadeiro dono."

E continua: "Mandei a carta e almocei tranquilo, posso até dizer que jubiloso. Minha consciência valsara tanto na véspera, que chegou a ficar sufocada, sem respiração; mas a restituição da meia dobra foi uma janela que se abriu para o outro lado da moral".

Osamu Arazawa (contador) Londrina