Família denuncia negligência da Santa Casa de Cambé após morte de homem por AVC
A família questiona os procedimentos iniciais da equipe médica do hospital
PUBLICAÇÃO
sexta-feira, 28 de junho de 2024
A família questiona os procedimentos iniciais da equipe médica do hospital
Bruno Souza - Especial para a FOLHA
Uma família registrou um BO (Boletim de Ocorrência) na última segunda-feira (24) após o pedreiro João Aparecido Bento, 57, morrer por supostamente ter o atendimento negligenciado na Santa Casa de Cambé (Região Metropolitana de Londrina).
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A família questiona os procedimentos iniciais da equipe médica do hospital, que teria ignorado os sintomas do pedreiro e atestado - erroneamente e sem nenhum exame - que ele estava alcoolizado.
Francisca Bento, irmã de João Bento, disse à reportagem que ele começou a passar mal por volta das 18h do dia 20 de junho, quando uma sobrinha foi visitá-lo.
"Quando ela pegou na mão dele, sentiu que estava frio e chamou a gente. Ele vomitou muito e não conseguia firmar as pernas. Em seguida, ela [a sobrinha] chamou o Samu [Serviço de Atendimento Móvel de Urgência], que não demorou muito a chegar", conta.
A familiar também relata que, em todo o momento que esteve lá, o hospital não prestou atendimento adequado aos sintomas apresentados pelo pedreiro.
"Quando era 20h58, eles vieram me perguntar sobre remédio, porque [disseram que] ele [Bento] estava alcoolizado e não podiam dar [medicação]. Eu falei: 'meu irmão não está alcoolizado. Ele nunca esteve aqui, sempre foi tratado em Londrina'. Ele [o médico] falou que todos o conheciam lá como João bêbado."
Francisca, então, solicitou que fizessem um exame para que ficasse comprovado que o seu irmão não estava alcoolizado, o que não foi feito.
Enquanto aguardava, Bento respirava com dificuldade como pode ser visto no vídeo a seguir. Segundo a irmã, a vítima urinou na roupa e não teve auxílio de nenhum profissional.
Pouco depois, Bento teve uma parada cardíaca. Outro médico assumiu o plantão e deu a notícia do falecimento à família. O atestado de óbito, assinado às 8h40 do dia 21 de junho, foi assinado por outro médico.
No documento, o profissional atestou que a morte aconteceu em decorrência de um AVC (Acidente Vascular Cerebral), agravado por insuficiência respiratória e convulsão. Após o resultado, a revolta da família só aumentou.
Francisca afirma que buscou junto às coisas de seu irmão algum indício de bebida alcoólica, mas nada foi encontrado. A família autorizou a doação das córneas da vítima.
A Santa Casa de Cambé, questionada pela reportagem, afirmou que não consta informação de quadro etílico no prontuário de João Bento e que possui todos equipamentos de suporte necessários para atendimento.
A assessoria alegou que a vítima tinha "múltiplas comorbidades e evoluiu com gravidade". "Foram realizados exames de laboratório e três tomografias. Durante o atendimento, o médico passou informações do quadro à irmã do paciente. Após o óbito às irmãs consentiram com a doação de córneas", diz um trecho da nota.
O hospital ainda afirmou que será instaurada sindicância para verificar a denúncia. A Polícia Civil de Cambé, que registrou o BO da família, está investigando o caso.
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