Há um ditado que diz que com fogo não se brinca, uma vez que as chamas podem trazer riscos à vida e causar danos ao patrimônio. Dados do Corpo de Bombeiros de Londrina apontam o crescimento no número de incêndios em terrenos baldios e nas margens de estradas em Londrina, o que levanta o alerta para os perigos principalmente em dias de tempo seco e quente.

Nos seis primeiros meses de 2023 foram registradas 93 ocorrências de incêndios em vegetação em Londrina; neste ano já são 171. Uma das explicações para o aumento, segundo o tenente Cristian Dal'Maso Ferreira, é o fato de o ano passado ter sido mais úmido. Este ano, com a atuação do La Niña, que traz seca, os focos de incêndio encontraram um cenário ideal. O pico foi no mês de maio, com 53 ocorrências. Em junho, até o dia 23, já foram 47. "A projeção de junho é de que chegue até o final do mês com 60 ocorrências", alerta.

Ele detalhou que, em 2021, que foi um ano seco também por conta do La Niña, foram registradas 440 ocorrências, quase o dobro do registrado em 2023, com 238. Pelas condições climáticas semelhantes, Londrina tem potencial para, em 2024, alcançar ou superar o número de ocorrências registradas naquele ano. A maioria dos focos de queimadas ocorre em terrenos baldios e em matas localizadas às margens de estradas.

Segundo ele, quase 100% dos focos de incêndio ocorrem por conta da ação humana, principalmente de pessoas que ateiam fogo em mato. Também há casos de incêndios que começam após o descarte irregular de bitucas de cigarro. "Parece clichê, mas acontece, ainda mais nesse clima seco e quente que estamos, o que fica bem favorável para pegar fogo", alerta.

O bombeiro afirma que as pessoas não devem ver o fogo como uma forma de "limpar" terrenos baldios.

Além dos riscos visíveis, Ferreira alerta que também há um perigo silencioso. "A fumaça gerada pelos incêndios afeta as pessoas que têm uma predisposição, uma doença", explica, complementando que doenças respiratórias, como rinite e asma podem ser agravadas por conta da fumaça. O clima seco, segundo ele, também contribui para que as fagulhas se dispersem e, com isso, novos pontos de incêndio comecem.

Moradores e comerciantes da avenida da Liberdade, no Conjunto Ruy Virmond Carnascialli (zona leste), reclamam das constantes queimadas. Um comerciante, que preferiu não se identificar, relata que o trecho no entorno da linha férrea sempre tem focos de incêndio e que, cada vez mais, eles vêm percebendo o aumento.

A cabeleireira Neide de Paula, 37, conta que é comum ver pontos de incêndio que na maioria das vezes são causados por pessoas que, intencionalmente, passam e ateiam fogo no mato.

Ela conta que já perdeu as contas de quantas vezes precisou ajudar a apagar o fogo. “Aqui está feio o negócio”, admite, complementando que já viu diversas pessoas andando pela avenida que pararam somente para colocar fogo na vegetação. Com um filho com problemas respiratórios e o pai com bronquite, ela conta que precisa fechar toda a casa para tentar minimizar os impactos.

Imagem ilustrativa da imagem Cresce o número de incêndios na área urbana de Londrina
| Foto: Fotos: Jéssica Sabbadini

Polícia aguarda laudos periciais sobre incêndio em pátio de veículos

No dia 13 junho, o pátio de veículo da Polícia Civil, na rua Luís Pasteur, na zona oeste, registrou um grande incêndio após um homem ter ateado fogo em uma vegetação entre o muro do local e a casa dele. De acordo com o delegado Bruno Trento, o inquérito policial ainda não foi concluído porque depende dos laudos periciais do Instituto de Criminalística com a causa e a dimensão exata do incêndio, incluindo o tamanho do dano ao patrimônio público.

Em oitiva, o suspeito que aparece nas imagens das câmeras de segurança confirmou que colocou fogo na vegetação, mas disse que a intenção era apenas suprimir o mato próximo da residência.

O tentente do Corpo de Bombeiros Cristian Dal'Maso Ferreira detalha que foram ao menos quatro horas e meia de trabalho intenso para conter as chamas. A sorte, segundo ele, foi que os veículos que foram tomados pelo fogo não apresentavam risco direto para os moradores da região. "Toda aquela fumaça se espalhou por Londrina, então a gente colhe os problemas disso", pontua.