Anúncio foi feito por Ratinho Junior, em Curitiba
Anúncio foi feito por Ratinho Junior, em Curitiba | Foto: Reprodução

Diante do colapso iminente no sistema público de saúde do Paraná, o governador Ratinho Junior anunciou, nesta sexta-feira (26), uma série de medidas mais rígidas em todo o Estado. As regras restritivas passam a valer a partir da zero deste sábado (28) e vão até as 5h de 8 de março. A expectativa é que o aumento do isolamento social e circulação limitada ajudem a frear a disseminação no coronavírus, aliviando os hospitais.

No período determinado, está suspenso o funcionamento dos serviços e atividades considerados não essenciais, como comércio, shoppings e academias. Também está proibida a circulação das pessoas em espaços e vias públicas das 20h às 5h. Não poderão ser consumidas bebidas alcoólicas em locais de uso público ou coletivo neste mesmo intervalo de horário. As aulas presenciais em escolas estaduais públicas e privadas estão suspensas, incluindo, em entidades conveniadas ao governo e unidades. O início do ano letivo na rede estadual estava previsto para começar nesta segunda-feira (1º de março).

As atividades religiosas estão suspensas pelos próximos nove dias, sendo permitido somente o atendimento individual ou culto on-line. Todos os órgãos do Estado vão precisar adotar o regime de teletrabalho. Os estabelecimentos estão liberados para funcionar apenas por meio de sistema delivery, drive-thru ou take away. Podem funcionar normalmente mercados, panificadoras, açougues e postos de combustíveis, entre outras áreas classificadas como essenciais.

A fiscalização ficará a cargo da PM (Polícia Militar) e demais forças de segurança das cidades, como as guardas municipais. “Não vamos admitir desrespeito com encontros clandestinos, festas deliberadas. Vamos impor multa para essas pessoas e (se precisar) prisão. Seremos extremamente rígidos com aqueles que não cumprirem o decreto”, avisou Ratinho Junior.

Necessidade de restrições apontadas pela Sesa por regionais
Necessidade de restrições apontadas pela Sesa por regionais | Foto: Reprodução

CIRURGIAS

O governo também decretou o cancelamento das cirurgias eletivas por 30 dias em unidades públicas e privadas. "Isso para poupar medicamentos que sejam necessários para pacientes que estão entubados e precisam permanecer nos leitos de UTI (Unidade de Terapia Intensiva). Ficam de fora dessa resolução as cirurgias que não podem esperar e não demandam UTI", explicou o secretário de Estado da Saúde, Beto Preto.

PIOR MOMENTO

Durante coletiva para a imprensa no Palácio Iguaçu, em Curitiba, tanto o governador quanto as autoridades presentes frisaram que Paraná atravessa a pior fase da pandemia de Covid-19 desde que o primeiro caso foi confirmado, há quase um ano. “Precisamos da sensibilidade da população em entender que precisamos tomar medidas mais duras, para que as pessoas que moram em nosso Estado não fiquem sem atendimento médico para lutar pela vida”, apontou o governador.

FILA DE ESPERA

De acordo com Vinicius Filipak, diretor de Gestão em Saúde da Sesa, entre o final do ano passado e início de 2021 foi observada uma evolução expressiva nos internamentos, principalmente nos últimos sete dias. Até a manhã desta sexta-feira eram 3.376 pessoas internadas em decorrência da Covid-19. Em contrapartida, o Estado conta com 3.150 leitos exclusivos para tratamento da doença, sendo 1.285 de UTI e 1.865 de enfermaria. Estavam na fila de espera por uma vaga hospitalar, na manhã de quarta, 578 pacientes.

“Passamos por um momento muito grave na história da civilização moderna. O momento é de muitas dificuldades. Temos a maior ocupação (hospitalar) de toda a história da pandemia no Paraná. Nunca tivemos tantos pacientes internados igual hoje. Os números estão acima da projeção pessimista. Estamos chegando perto do limite máximo. É necessário conter o avanço da doença, não há tratamento curativo contra a Covid-19. Temos que adotar medidas que protejam o conjunto da população”, alertou o médico.

O risco de colapso ocorre numa época em que a Sesa tem registrado maior número de óbitos durante internamentos e com as pessoas demandando por mais tempo de um vaga no hospital. “Temos uma nova cepa circulando, cuja identificação estamos buscando. Mesmo que haja leitos suficientes, das pessoas que pegam (o vírus), 10% terão que internar e 25% irão a óbito. Se for para a UTI, essa mortalidade chega a 40%”, exemplificou Filipak.

Evolução da demanda de pacientes por leitos hospitalares
Evolução da demanda de pacientes por leitos hospitalares | Foto: Reprodução

AMPLIAÇÃO DOS LEITOS

O secretário Beto Preto prometeu a abertura de mais 252 leitos hospitalares no Paraná até segunda-feira (1º). Em Londrina serão 50 novas vagas, distribuídas entre os hospitais da Zona Sul e Norte, com 30 e 20 leitos clínicos, respectivamente, e dez de UTI no Hospital do Coração. “Dos mais de 630 mil infectados no Paraná, 13% são de pessoas com mais de 60 anos. Ao mesmo tempo, 77% dos óbitos são de paranaenses com mais de 60 anos de idade. Entendemos que é o momento da vacina. A velocidade de chegada das doses não foi como gostaríamos, mas temos cobrado o Ministério da Saúde.”

Atualizada às 12h55